O prefeito Tião Bocalom (Progressistas) está no centro de uma nova polêmica envolvendo sua gestão em Rio Branco. Na noite deste sábado (3), com presença da PM, fechou o bar Recanto, conhecido por ser o único voltado para o público LGBTQIA+ em atividade.
De acordo com o proprietário, o advogado Gabriel Santos, “a Prefeitura espera 2 anos para dizer que não temos uma licença e enfiam a polícia militar dentro do nosso estabelecimento pra intimidar nossos funcionários e clientes”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Conforme o apurado pela reportagem, o bar foi fechado por falta de licença ambiental, o que segundo o proprietário, são dispensados por lei e o Recanto funcionou por dois anos sem que sinalizassem a exigência. Ainda de acordo com Gabriel, ele levou 15 dias para tirar a mesma licença junto a prefeitura de João Pessoa, na Paraíba, onde o bar acreano tem uma filial.
As críticas vieram em peso contra o prefeito. A deputada estadual e ex-vereadora de Rio Branco, Michelle Melo (PDT), comentou nas redes sociais:
“Prefeitura de Rio Branco, sem necessidade desse espetáculo na noite de sábado levando polícia e tudo ao local! Não precisava e sabemos disso! Minha indignação e minha solidariedade ao proprietário!”
Sérgio de Carvalho, que é ex-presidente da Fundação Garibaldi Brasil (FGB) e diretor do filme Noites Alienígenas — em cartaz na Netflix — disse:
“Gabriel Santos, toda solidariedade! Se o Recanto fosse azul, não multicolorido, arco íris, como é, talvez, a prefeitura com policiais, de forma arbitrária, não tivesse fechado o bar”.
No mês do orgulho LGBTQIA+ a Prefeitura de Rio Branco, do prefeito @bocalomoficial, fecha o único bar LGBT da cidade.
Com cavalaria da PM e tudo! pic.twitter.com/vhaNfzyeu7
— Gabriel Santos (@GabrielRBCO) June 4, 2023
Não é a primeira vez que Bocalom enfrenta polêmica com a comunidade LGBTQIA+. Em dezembro de 2021, ele chegou a ser investigado por homofobia em uma ação do Ministério Público Federal (MPF), ao vetar um projeto na FGB intitulado ‘Papai Noel Gay’, sem apresentar uma justificativa real.
Bocalom chegou a declarar: “eu quero que respeitem a cultura cristã, tá certo? Uma criança começar a falar dessas coisas, é uma falta de respeito, entendeu?”. Acontece que a peça era voltada para o público adulto.
Na época, a notícia ganhou repercussão nacional ao ser publicada pelo jornal O Globo, um dos mais importantes do país, que apesar de ter se equivocado no valor do espetáculo, afirmando que teria orçamento de R$ 150 mil e não de R$ 15 mil, como era o real valor, destacou:
“O GLOBO não conseguiu contato com o prefeito Tião Bocalom, mas, além de o chefe do executivo municipal ter pedido pessoalmente o veto ao projeto, ele tem se manifestado publicamente contra a peça. Seus principais argumentos são de que crianças não poderiam ter acesso a este tipo de assunto, apesar de o musical ser feito exclusivamente para o público adulto”.
A reportagem tentou entrar em contato com a prefeitura para esclarecer o fechamento do Recanto, mas não tivemos respostas. O espaço segue aberto.