Neste dia 15 de junho, o Estado do Acre está completando 59 anos, uma história que começou em 1903 com a Revolução Acreana e assinatura do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro daquele ano. Mas espera um pouco, se a história do Acre ser brasileiro começou em 1903, como está comemorando somente 58 anos? A matemática é uma ciência exata e não erra, para entendermos essa diferença, precisamos primeiro entender o que é Território Federal e o que é Estado.
Quando Barão do Rio Branco intermediou a assinatura do Tratado de Petrópolis, no Rio de Janeiro, o Acre passou a pertencer ao Brasil, como um território, sem autonomia política e todas as suas contas eram enviadas ao Congresso Nacional. Nossos governadores na época eram nomeados pelo Presidente da República, temos exemplos como Hugo Carneiro, Epaminondas Jacomé, Guiomard dos Santos e Francisco d’Oliveira Conde.
Durante a época de território, surge o Movimento dos Autonomistas, que lutava pela autonomia do Acre. Nos anos 50, o Partido Social Democrático (PSD) de José Guiomard dos Santos resolveu elaborar um projeto de lei que transformava o Acre em Estado. Esse projeto chegou ao Congresso Nacional em 1957 e provocou briga com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Oscar Passos, que era contra a transformação.
Depois de muita luta no Congresso, em 1962, foi assinado a lei 4.070, de autoria do então deputado federal Guiomard dos Santos e sancionada pelo presidente João Goulart, que ironicamente era do PTB, partido que era contra. A lei passou a vigorar a partir do dia 15 de junho de 1962. E o Acre ganhou sua autonomia política ao se tornar uma Unidade Federativa (DF), passando a eleger seus próprios governantes.
Bandeira
Talvez o mais conhecido dos símbolos do estado, a bandeira do Acre foi criada no governo de Luís Galvez Rodriguez de Arias, em 1899. Originalmente, ela representava os tratados de limites territoriais e tinha a diagonal invertida, em relação ao que é hoje.
A primeira linha reta de cima representa o Tratado de Madri, de 1750; a linha diagonal representa a revisão desse tratado, que é o Tratado de Ayacucho, de 1867; e a linha de baixo, representa o que viria a ser o Tratado de Petrópolis, com a nova configuração da fronteira depois da Revolução Acreana.
Neves conta que a bandeira feita por Galvez existiu durante todo o período do estado independente e, depois, foi adotada por Plácido de Castro durante a continuação da Revolução Acreana.
Após a anexação do Acre ao Brasil em 1903, com o Tratado de Petrópolis, ela ficou em desuso até que, em 1920, o primeiro governador do território federal unificado, Epaminondas Jácome, decidiu adotá-la como bandeira oficial do território federal do Acre, só que inverteu a diagonal.
As cores principais da bandeira (verde e amarelo) são as mesmas da bandeira do Brasil e são uma representação da integração do estado com o Brasil. Cada cor tem um significado específico:
- Amarela: símbolo da eternidade como o ouro e retrata as riquezas da terra
- Verde: representa esperança, força, longevidade e imortalidade universal
Já a estrela vermelha no canto superior esquerdo, segundo conta o historiador, foi uma homenagem à Revolução Francesa, que tinha ocorrido 110 anos antes da fundação do estado independente do Acre. A estrela na bandeira representa o sangue dos bravos que lutaram pela a anexação da área do atual estado do Acre ao Brasil.
Hino
A letra do hino acreano foi escrita pelo jovem médico e poeta baiano, de 23 anos de idade, Francisco Mangabeira, em 5 de outubro de 1903, no Seringal Capatará, no acampamento do exército de Plácido de Castro, durante a Revolução Acreana.
Conta a história que Francisco Mangabeira saiu da Bahia e foi para o Acre atraído pelas riquezas da região acreana. Foi então convidado por seringalistas da região a servir como médico no exército do Coronel José Plácido de Castro, e acabou aceitando o desafio.
Já no final da Revolução Acreana, Francisco Mangabeira passou a prestar serviços médicos aos feridos de guerra e à população.
“Ele participou do corpo médico e era um grande poeta. Então, conta-se, que no momento em que estava nas trincheiras do Seringal Capatará, já no finalzinho do período da Revolução Acreana, em 1903, ele fez uma poesia para guerra do Acre, que é a letra do hino”, conta Neves.
Na década de 40, um compositor e maestro amazonense que morou muitos anos em Tarauacá e depois se mudou para Cruzeiro do Sul, onde acabou morrendo, chamado Mozart Donizetti, criou a melodia para a poesia de Mangabeira.
“Então, o hino acreano tem uma dupla autoria, com base na poesia do Mangabeira e a melodia de Mozart. Posteriormente, esse hino foi oficializado como hino do Território Federal do Acre, e depois do Estado do Acre. Foi uma construção ao longo de muito tempo.”